sábado, 12 de março de 2016

Entrevista na Integra de Henry Cavill para a Man of the World Magazine

INTRO
Leia agora na ÍNTEGRA a entrevista que Henry Cavill deu para o Man of the World Magazine. Nessa entrevista extremamente franca, Henry fala sobre a carreira, sobre não ter ido para a faculdade, como gosta de aproveitar a vida, fala de dinheiro e também sobre a polêmica do #OscarSoWhite.

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 “O problema em voar”, Diz Henry Cavill. “Está na necessidade de não ser vulnerável ou passaria muito frio”.

É uma manhã de segunda-feira no restaurante The Bailey’s Hotel, em Londres, e o bem vestido ator britânico tem que aguentar. “O que você acha da visão de raio-X?” e eu pergunto. “Visão de raio-X seria ótimo”, ele responde “ isso se você é um pervertido impiedoso ou trabalha na TSA” (Transportation Security Administration, órgão que controla a segurança dos aeroportos americanos). Cavill está de bom humor, notavelmente animado por viver Superman – de novo. Após sua atuação bem sucedida em O Homem de Aço, em 2013, ele retorna aos cinemas, este mês, em Batman v Superman: A Origem da Justiça, uma mistura criada pela DC Comics, que os fãs aguardaram por anos para assistir.
Com 32 anos, Cavill é muito jovem para ter assistido nos cinemas ao Superman original, mas ele assistiu a cada um dos filmes, assim que conseguiu o papel. “Eu amo a sensação que os filmes me passam”, diz. “Eu amo a clareza, a sutileza que você encontra no ‘homem’ de Superman”. Mas os gostos e a tecnologia mudaram muito nos últimos 40 anos, desde que o primeiro filme lançado. Parte por causa do sucesso do obscuro e extravagante Batman, de Christopher Nolan. Para o público atual, a inocência dos heróis dos filmes das décadas de 1970 e 1980, seria complicado, se não, impossível de vender. “Nos entediamos facilmente”, diz Cavill. “Precisamos de algo que nos interesse, nos mantenha focados”.
Diferenças a parte e com todo respeito a Christopher Reeve, Cavill é, indiscutivelmente, o melhor Superman que existiu. Comercialmente, não o que reclamar: O Homem de Aço foi o filme de Superman que teve melhor resultado de bilheteria, de todos os tempos, somando mais de US$ 700 milhões. Agora, com o lançamento de Batman v Superman e gravando seu próximo filme, A Liga da Justiça, o futuro do jovem ator – assim como seu passado – está fadado ao sucesso.
Henry Cavill nasceu no paraíso fiscal britânico, Jersey, com um pai corretor da bolsa de valores e uma mãe dona de casa, foi educado em Stowe, uma das melhores escolas particulares da Inglaterra. Aluno exemplar, em seu último ano de colégio, foi tirado de uma aula de teatro, para participar dos testes para o filme O Conde de Monte Cristo. Ele conseguiu o papel e, sem surpresa alguma, nunca mais voltou para essa aula.
“Eu sinto falta do meu tempo de universidade”, relata, “o que, eu acho, pode ser um pouco de remorso. As pessoas costumam criar laços de amizade e relacionamentos na universidade e eu ainda ouço meu irmão, que é da Marinha inglesa (Royal Marine), falando sobre os amigos. Eu penso ‘wow, é uma amizade que já dura há anos’. A maioria dos meus amigos está espalhada pelo mundo, por que eu os conheci durante alguns trabalhos”, diz Cavill. “Mas eu não gosto de me apegar às coisas que eu não fiz, eu também tive muitos benefícios e isso também é bacana”.
Então, há suas vantagens em ser um ator de cinema internacional?
Surpreendentemente, sim”, ele fala com um sorriso no rosto. “Eu não tive a oportunidade de curtir loucamente e ser um universitário, mas eu consigo fazer isso agora. E agora eu tenho dinheiro para ir a lugares bacanas, no lugar de ir a bares que fedem a xixi”. Isso é uma forma tênue de se falar, já que Cavill ganha entre US$ 8 milhões e US$ 10 milhões por filme – e esses valores tendem a aumentar. “Eu fico um pouco preocupado em como falar isso, porque pode ser mal visto por pessoas de dentro e fora do meu círculo de convívio”. Cavill ainda fala “mas eu não faço isso apenas pela arte. O dinheiro é fantástico e isso é algo que eu acredito, e mais uma vez, pode ser mail interpretado, como muito importante”.
É raro encontrar um ator que fale tão abertamente sobre suas motivações financeiras, mas Cavill não se faz de rogado quando o assunto é as vantagens de sua profissão. “Você precisa aproveitar a vida! Eu digo, você precisa! Enquanto eu estou ganhando dinheiro, eu também estou gastando com coisas bacanas, seja em uma maravilhosa viagem de férias para mim e meus amigos ou quando estou apenas olhando as coisas e eu entro na loja dizendo ‘Oi, eu quero aquilo para a minha casa’ e eu compro. Gastar dinheiro com os meus amigos, pagando jantares para todos, bebidas para todos, é um nível bacana para se estar e eu gosto de que as pessoas se sintam queridas”, ele explica.

“As pessoas vão me achar arrogante ao ler isso, mas viajar é bom, contanto que você esteja indo de primeira classe”, Cavill continua. “Quero dizer, viajar para a Nova Zelândia na classe econômica é chato. Principalmente se você tem 1,85m. Mas na primeira classe, eu não vou me fazer de rogado. Eu amo”.  
De qualquer forma, nem tudo que o Cavill toca vira ouro. No ano passado, ele atuou como espião internacional Napoleon Solo, com toda classe, no remake de O Agente da U.N.C.L.E, dirigido por Guy Ritchie. É um filme fantástico, mas um fracasso de bilheteria (mesmo tendo recuperado o valor de investimento da produção) surpreende a ele. “Não foi tão ruim, mas poderia ter sido melhor, porque todo mundo que eu falei (sobre o filme) adorou”, comenta. “Talvez devesse ter sido apresentado de maneira diferente,  poderia ter ganhado as pessoas de forma diferente. Eu fui ao Odeon e ao High Street Kensington para assisti-lo e todos os trailers que passaram eram de filmes de ação. Eles estavam esperando um filme ao estilo Missão Impossível, mas não é, é um filme irônico de espiões, com uma porção genuína de humor”.
Estamos falando apenas algumas semanas após os Globos de Ouro, onde Ricky Gervais lembrou ao mundo da história ultrajante, de Mel Gibson de comentários sexistas e antissemita. (“O que caramba significa ‘Peitos de açúcar? Gervais perguntou para Gibson). Então, nós perguntamos ao Cavill e ele faz uma pequena careta e menciona seu filme favorito “é difícil dizer agora, mas Coração Valente. Tem tudo que precisa. Tem guerra, tem cavalos, tem romance. Tem sangue e coragem, além de se passar em uma época, que você sabe, é uma delícia de reviver. Foi maravilhosamente bem dirigido e interpretado. É brilhante”.
Os comentários de Gervais são brandos perto das controvérsias enfrentadas pelo cinema em Hollywood: ele comenta sobre as indicações do Oscar 2016. “É o que tema que mais preocupa a indústria do entretenimento”. Cavill ainda diz “Eu creio que todo ano as pessoas omitem quem realmente deveria ser indicado e tem pessoas que não deveriam ser indicadas, mas são. E eu acho que isso nunca foi diferente. É subjetivo. Eu vejo filmes com a minha namorada o tempo todo, e eu vou sentar lá e dizer ‘isso é muito ruim!’ e ela vai retrucar ‘Sério? Eu gostei!’”.
“Mas, dito isto, esse ano em particular, tivemos uma baixa nas indicações de homens e mulheres negras,” ele completa “Talvez a solução esteja na necessidade de ter uma variedade de membros (na Academia). Mas isso  significaria que tendo mais negros como membros da academia teríamos mais negros indicados? Isso, por si só, não é ser racista?”
Apesar de ele estar lisonjeado por sua indicação ao Critc’s Choice Award, a verdade é que para Cavill, uma indicação Oscar pode levar alguns anos. No momento ele está completamente focado em se firmar no cinema comercial. Ele vem sendo cotado para ser o novo Bond e é difícil pensar em outra pessoa para o papel de 007 mais perfeito do que Henry Cavill.
De volta ao restaurante do hotel, Cavill dá um gole em seu café, nega um croissant (“Eu costumava ser gordo”) e diz “Eu adoraria fazer muito mais, mas contanto que eu não irrite ninguém, eu com certeza farei mais”.


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